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O apagão da morte


Era tarde, longas horas noturnas haviam passado eu estava com sono, escutávamos rádio com uma pequena fonte de luz vinda de uma lâmpada sobre o velho teto empoeirado, buscando ouvir notícias sobre a guerra que ocorria por todo nosso continente, com medo pois não entendia o porque daquilo, mas sabia qualquer instante poderia aparecer alguém e nos levar, nos matar, o futuro é incerto, dependemos da bravura de soldados aliados de acordo com meu pai, não entendia aquilo. Quem era aquele homem? Por que nos matava e prendia?

Estávamos escondidos nas proximidades de Paris mas ali já haviam nazistas.

Tínhamos abandonado nossa casa há alguns meses morávamos em Zurique na Suíça, mas deixamos tudo: roupas, brinquedos, meu cãozinho Winter, e até minha escola; e viemos em busca por uma tal de liberdade não sabia o que ela era, mas sabia que era boa, em uma época triste onde todo mundo corria riscos não se sabia a hora da morte!

Então enquanto dormíamos ao som de notícias houve uma queda de energia, um apagão junto a uma grande explosão, ouvíamos estouros que faziam toda a estrutura das casas tremer, o barulho era ensurdecedor. Comecei a chorar desesperadamente abraçando minha mãe, ouvindo sirenes que notificavam ataques aéreo. As pessoas que nos abrigaram em sua casa saíram correndo rumo a casa ao lado onde havia um porão, nós não podíamos ir, não entendi devido a minha inocência infantil. Ficamos ali alguns instantes eu, meu pai, minha mãe e meus três irmãos. Lembro ainda de um barulho muito mais forte, fogo, incêndio, e então tudo acabou.

Acordei no dia seguinte com coisas muito pesadas sobre mim, doía muito, eu não via minha mãe, meu pai e nem meus irmãos, então morri, ali na sujeira. Os aliados me arrancaram minha família, minha vida, não entendi porque… Eles eram os meus heróis, eu sabia apenas que o que ocorria era sim um apagão, um apagão de compaixão de amor de esperança. Por que não nos deixaram viver? Nos perseguiam? Por que tivemos de sair de casa? Por que todo o mundo brigava? O que eu fiz?

Autor: Gabriel De Rós