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As Duas Leis


Autor: Luís Eduardo Araújo de Souza

Então, o homem nu virou-se e olhou no interior da alma de cada homem e mulher presentes no salão, inclusive na minha, com sua voz autoritária e impactante, ele rugiu:
– Bendita seja a independência que agora arde no coração infortúnio dos homens, pois hoje ela, junta ao amor, são as únicas e verdadeiras leis!
– Bendita seja a independência! Bendito seja o amor! – Gritaram todos que observavam o discurso daquele grande homem, e eu apenas os observava fascinado, o que era aquilo?
O homem pediu para que o deixassem continuar, e assim foi feito.
– Lembrai-vos que sem a independência somos tão fortes quanto um bebê longe do amparo materno, mas agora, a luz, ó bendita luz da independência, vive em nossos peitos, as perdas do passado sombrio já não existem em nossas mentes e nossos filhos viverão felizes e livres num mundo onde a liberdade é a principal mentora, onde todos poderemos fazer o que bem entender, mas lembrem-se irmãos, não façam como nossos pais e avós fizeram, façam diferente! Nenhum homem nasce sabendo odiar, pregai-vos o amor! Pregai-vos a liberdade de serem felizes! Digam às suas crianças que o mundo é bom e que a vida não precisa ser difícil, contem vossos passados e os alertem para que não odeiem, pois o ódio é como uma grande bola de neve que desce uma grande montanha, e vocês, e eu, sabemos disso, sabemos muito bem o que aconteceu, e queremos que isso não se repita.
O público chorava lágrimas de emoção por tão belo discurso, e parecia que, mesmo eu não entendo nada, eu compartilhava esse sentimento com eles, eu sabia o que estavam sentindo.
– Não chorem meus irmãos! – Continuou o homem, com um sorriso doce nos lábios. – Não há motivo para chorarem! O que teremos para hoje, para amanhã e para todo sempre é a alegria, a liberdade, e a independência! Não somos mais dependentes de nossas futilidades humanas, não somos mais dependentes de leis! Nossa lei é a liberdade e o amor! Nossa lei é a vida! Agora irmãos, me sigam, preciso mostrar algo para vocês!
Caminhamos lentamente, nus como o grande homem, nus, e ninguém se importava com isso, era tão natural quanto o amor.
Quando finalmente chegamos no local, meus olhos se abriram, acordei no mundo real, chovia, olhei pela janela e vi as luzes de neon nas ruas, era três e quarenta e quatro, e tudo aquilo, foi apenas um sonho. Apenas um bom sonho.