Em nossa primeira rodada contamos com cinco bons desafiantes e oito votantes. E os votos foram:
– As Duas Leis: 3 votos;
– Independência ou morte! Morte?: 3 votos;
– À Crase: 1 voto;
– Qual independência?: 1 voto.
Ficam empatados “As Duas Leis” e “Independência ou morte! Morte?”. Como o primeiro critério de desempate é o voto dos desafiantes, conforme o item 7) 1. do regulamento, temos os votos nos empatados:
– As Duas Leis: 1 voto – Fidélis;
– Independência ou morte! Morte?: 2 votos – de Rós e Alves.
Assim, “por pontos”, leva a primeira rodada do Desafio Escrito o duelista Carlos Raphael Rocha.
Parabéns aos participantes pela qualidade dos textos apresentados, e, em especial, ao Carlos, que tem direito ao primeiro tema escolhido pelos duelistas.
Ao fim da rodada de estreia, chegamos à estreia da votação. Qualquer leitor pode votar. Sugere-se que o votante leia os textos de todos os desafiantes e clique no título deste post de votação (ou clique aqui) para votar, via comentário.
No comentário, sugere-se também que comente sobre os textos, se for possível ou pertinente, e que então apresente declaradamente seu voto. Lembre que autor não pode votar no próprio texto. A votação vai até o dia 15, quando o autor do texto mais votado deverá enviar, por e-mail, o tema da próxima rodada.
Lembre-se: vote de forma independente!
Autor: Antônio João Fidélis
Um amigo meu é como a crase: se tem feminino no ambiente, ele precede. Quando aparece uma mulher onde ele se encontra, tenha certeza que o primeiro “não”, e às vezes “sim”, é pra ele. Fissurado, viciado, dependente, compenetrado… Mulher está na mira dele. Os amigos, e esses sim são AMIGOS de verdade, brincam dizendo que se arrependem de ter-lhe apresentado a esposa/noiva/namorada, pois ele fica secando-as até que fiquem mais seca que o Sol. Não, não é “no Sol”, é como “o Sol” mesmo. A minha noiva, à época, chegou a emagrecer uns quatro quilos quando foi apresentada a ele. E voltando à devida oração, são amigos de verdade porque não é qualquer um que aceitar ter um amigo assim.
Dias atrás, quando saí para tomar um café da tarde com esse amigo, estava passando os olhos pelo ambiente quando subitamente me vi preso ao noticiário, daqueles que o jornalista fala e tem duas linhas no pé da tela, uma fixa resumindo a fala do âncora e outra móvel com o resumo dos resumos das notícias. Havia uma crase lá. Ela estava no lugar adequado. Foi um momento de êxtase. Não sou viciado em crases como meu amigo é viciado em fitar mulheres, mas um português bem escrito rouba meu coração. Da notícia, do canal, do assunto, nada, não lembro de absolutamente nada. Mas aquela crase. Que crase! Dei um sorriso de soslaio, mas ninguém viu. Obviamente meu amigo também não viu. Havia mulheres na cafeteria.
Um transeunte qualquer deveria saber empregar a crase corretamente. Mesmo que nossa língua, e consequentemente a escrita, seja um bem político e não cultural, visto que é regida por decreto, e não por uso, prego que deveríamos saber bem aplicá-la. Quantas rúbricas são pedidas por dia no Brasil? E isso que elas nem existem. Imagine se existissem. E me atendo ao tema, quantos acentos graves, diferentemente do meu amigo, precedem os masculinos, excetuando aquele. Poderia ter colocado aspas na última palavra da oração anterior, mas assim fica mais legal. E quantos acentos grave são abandonados, esquecidos e ignorados nos escritos diários de nossa nação! São mais ignorados que a resistência do ar em problemas de física, e tudo acaba em parábolas, como os de Jesus.
E a pronúncia? Isso sim! Ouvir um “à” pronunciado corretamente, “a-á”, isso me tira do sério. Aí fico como meu amigo com as mulheres. É uma caudalosa degustação auditiva. Tudo para ao meu redor. O instante em que a vibração do ar adentra ao pavilhão auditivo, tocando o tímpano e a consequente transmissão nervosa ao cérebro é acompanhada de forma concomitante por um arrepio de frio que vem do fundo da alma e chega ao cérebro passando pela espinha dorsal, atiçando um desejo libidinoso de ouvir novamente aquela palavra. Chega a ser obsceno, mas é sincero.
Mas, como diria João Simões Lopes Neto, minto. Minto, porque é tudo mentira. Não existe amigo sequelado pelas mulheres. Não existe noiva. Não existe cafeteria. Era uma padaria. O noticiário com a crase sim, este momento existiu. E na padaria. Infelizmente nossa língua é regida por deputados e não por lexicógrafos ou gramáticos. A sinestesia existe, e você provou dela. Se gostou eu não sei, mas experimentou. E a independência? Outra mentira! Nem tanto. Resolvi declarar minha própria independência e escrever sobre um tema independente. Ou nem tanto assim.
Autor: Carlos Raphael Rocha
Gabriel saiu da aula de história e não conseguiu tirar a famosa frase de sua cabeça.
Às margens do rio Ipiranga, Dom Pedro II soltou seu famoso bramido: “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”. Todos nós sabemos qual foi o resultado. Temos um país livre desde 1822. Não somos mais uma colônia portuguesa desde então.
O que incomodava Gabriel, no entanto, não era o ato em si, mas o que teria acontecido se a primeira solução não fosse acatada. E se a morte fosse a opção escolhida? Morte de quem? De quantas pessoas?
Na hora do almoço, mal mexeu em sua comida. Não conseguiu se concentrar nas tarefas de casa que os professores haviam passado. Foi para a Internet e nem sabia o que pesquisar. Em seu videogame, fez suas piores pontuações. Sua cabeça só pensava em uma coisa: MORTE!
Que impacto essa aula de história faria na cabeça dessa criança de 11 anos? O próprio Gabriel se fez esta pergunta. Logicamente, procurou respostas em todos os lugares e, com muito esforço, conseguiu ânimo para sair de casa e seguir com sua vida.
Foi para a rua, deitou-se no chão da praça e ficou olhando para o céu. A calmaria do céu azul o fez relaxar e ele imaginou cenários que poderiam ter ocorrido caso a opção de “morte” tivesse sido escolhida no lugar de “independência”. Teria sido melhor?
Hoje, ele está livre. Livre de quê? Ele quem? Gabriel ou o país?
Autor: Luís Eduardo Araújo de Souza
Então, o homem nu virou-se e olhou no interior da alma de cada homem e mulher presentes no salão, inclusive na minha, com sua voz autoritária e impactante, ele rugiu:
– Bendita seja a independência que agora arde no coração infortúnio dos homens, pois hoje ela, junta ao amor, são as únicas e verdadeiras leis!
– Bendita seja a independência! Bendito seja o amor! – Gritaram todos que observavam o discurso daquele grande homem, e eu apenas os observava fascinado, o que era aquilo?
O homem pediu para que o deixassem continuar, e assim foi feito.
– Lembrai-vos que sem a independência somos tão fortes quanto um bebê longe do amparo materno, mas agora, a luz, ó bendita luz da independência, vive em nossos peitos, as perdas do passado sombrio já não existem em nossas mentes e nossos filhos viverão felizes e livres num mundo onde a liberdade é a principal mentora, onde todos poderemos fazer o que bem entender, mas lembrem-se irmãos, não façam como nossos pais e avós fizeram, façam diferente! Nenhum homem nasce sabendo odiar, pregai-vos o amor! Pregai-vos a liberdade de serem felizes! Digam às suas crianças que o mundo é bom e que a vida não precisa ser difícil, contem vossos passados e os alertem para que não odeiem, pois o ódio é como uma grande bola de neve que desce uma grande montanha, e vocês, e eu, sabemos disso, sabemos muito bem o que aconteceu, e queremos que isso não se repita.
O público chorava lágrimas de emoção por tão belo discurso, e parecia que, mesmo eu não entendo nada, eu compartilhava esse sentimento com eles, eu sabia o que estavam sentindo.
– Não chorem meus irmãos! – Continuou o homem, com um sorriso doce nos lábios. – Não há motivo para chorarem! O que teremos para hoje, para amanhã e para todo sempre é a alegria, a liberdade, e a independência! Não somos mais dependentes de nossas futilidades humanas, não somos mais dependentes de leis! Nossa lei é a liberdade e o amor! Nossa lei é a vida! Agora irmãos, me sigam, preciso mostrar algo para vocês!
Caminhamos lentamente, nus como o grande homem, nus, e ninguém se importava com isso, era tão natural quanto o amor.
Quando finalmente chegamos no local, meus olhos se abriram, acordei no mundo real, chovia, olhei pela janela e vi as luzes de neon nas ruas, era três e quarenta e quatro, e tudo aquilo, foi apenas um sonho. Apenas um bom sonho.
Autor: Gabriel De Rós
“Independência ou morte”, às margens do rio Ipiranga há 193 anos, o representante da grande metrópole europeia da época que nos controlava se revolta contra sua família, contra sua pátria e resolve fundar uma nova nação, uma nação livre, independente, uma nação que pode tomar suas próprias decisões e pô-las em prática sem depender de um reino que apenas sugava as riquezas da pátria amada, o que ocorreu, mas não totalmente .Hoje no mundo observamos que nada é independente, talvez apenas de alguma coisa, mas o mundo é pequeno para um distanciamento completo.
Podemos observar o exemplo da economia atual; a China resolveu desvalorizar sua moeda vigente, o que provocou problemas em todo o mundo, queda do valor de algumas moedas, problemas em bolsas de valores, e outros.
A Grécia que ao não poder pagar suas dívidas; quase causou problemas que afetariam o mundo inteiro. A hipótese que circulava em alguns meios de comunicação era a de que talvez a Alemanha poderia abandonar a União Europeia, isso causaria um enorme problema, pois a Alemanha é responsável por uma parte significativa do PIB da União Europeia, sem ela alguns países do euro grupo quebrariam, assim consumiriam menos e empresas faliriam em todo o mundo pois não haveria mercado para compra de seus produtos, ou se a U.E. de desintegrasse, quantos problemas econômicos surgiriam?
O que pôde ser observado também durante a Guerra Fria, um exemplo não muito atual, mas que hoje ainda ocorre, a influência das grandes potências financeiras que exercem a hegemonia sobre as nações mais fracas que não veem opção exceto se unirem com estes países.
Também dependemos do meio onde vivemos, o planeta, o espaço. Qualquer um de nós e qualquer país, dependerá da natureza, pois a qualquer instante pode ser simplesmente destruído por uma simples movimentação de uma placa tectônica.
Assim podemos concluir que não existem países totalmente independentes, todas as nações dependem umas das outras para continuar existindo, nós dependemos uns dos outros para sobrevivermos.
Começamos com a primeira rodada por conta própria. Não que dependamos de alguém para aqui desenvolver nossas atividades, mas já que trata-se de um período com feriado, usá-lo-emos como tema da rodada. Assim, o primeiro tema é
Há 193 anos era declarada a independência de nossa Pátria; dizem que a crise de uma nação distante afeta nossa economia; o juiz ou auditor não pode ter relação ou preferências sobre o avaliado; a maioridade nos permite responder sobre o que antes não éramos responsáveis. Até o determinante wronskiano está relacionado nesta dependência, que não é linear ;P
Sintam-se desafiados e enviem seu texto, com título e autor, para o e-mail desafioescrito@luzerna.ifc.edu.br até o dia 10 de setembro.
E lembrem-se: comentários são sempre bem-vindos. Clique no título do post e deixe seu comentário.