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Resultado da Votação: Apocalipse

O tema parece ter influenciado demais tanto desafiantes quando votantes. Cabe-nos esperar que o próximo tema seja menos catastrófico.

Com um voto cada, Antônio e Cecília desempatam temporalmente: Cecília postou o texto primeiro.

Parabéns à desafiante que ganha a escolha do tema em sua primeira participação. Aguardamos o tema para a próxima rodada.

| Apocalipse Resultado Terceira Rodada


Votação da terceira rodada: Apocalipse

Chegada a terceira rodada de votação, esperamos que não seja apocalíptica, exceto se estivermos falando da banda.

Votação

Leia os textos dos desafiantes, clique no título deste tópico de votação, ou clique aqui, e vote no no seu preferido. A votação segue até o dia 15/10.

| Apocalipse Terceira Rodada Votação


Aceitação

Praticamente ao mesmo tempo:

– Mãe, quero falar contigo!

– Filha, precisamos conversar!

Ambas tensas.

– Fale, mãe.

– Precisamos economizar. Estou desempregada e semana passada foi tua maioridade, portanto não receberemos mais pensão de teu pai.

– Desempregada? Desde quando?

– Desde hoje. Ainda não sei o que iremos fazer, nem como fazer, mas faremos algo para melhorar nossa situação.

A filha engole em seco.

– Filha, o que tinhas pra me contar?

– Mãe, lembra o Nico?

– Aquele infeliz do teu ex? Já não foi pra Europa com a outra no mês passado?

– É mãe!

– O que tem ele?

A filha pensa novamente, mudando o tom da conversa.

– Postou umas fotos novas no facebook! Mas esquece, deixa pra lá. Temos que cuidar de nós.

A filha acha melhor esconder que está grávida do ex e que só conseguiu matrícula na universidade particular, sem financiamento. A mãe guardou na bolsa uma carta da imobiliária informando que os proprietários queriam o imóvel já para o mês seguinte e uma outra do banco, informando que o empréstimo para pagar os aluguéis atrasados não fora aprovado.

Autor: Antônio João Fidélis

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Arrependimento que mata

Aqui esperando a morte em uma viela escura e fria, declaro em nome de quem eu fui que eu me arrependo de tudo o que fiz contra os mais humildes, o mundo está em seu fim. Não há motivo para mais esforços desnecessários. Eu me destruí o meu poder, minha empresa. Nunca tive vida pessoal, não sei quem sou hoje, mas sei que salvei a humanidade, ou melhor, meus colegas poderosos da raça humana, eu fiquei. Fui orgulhoso, ganhava milhões em uma hora, mas em um clube com a participação de pessoas da mesma classe que eu, os ricos e poderosos, nós que nos achávamos superiores e tínhamos as informações sobre tudo antes que o resto do povo.

Fomos informados pelo presidente dos EUA que o fim chegará a nosso planeta, e a única forma de escapar seria fugir, mas não sair correndo aleatoriamente, era gastar fortunas em naves, as arcas da salvação onde levaríamos o que pudéssemos de material, animais e as pessoas que eram somente grandes patrocinadores e os “escolhidos”, ou melhor, nossos escolhidos. Uma semana após isso, efetuamos uma reunião onde já iríamos comprar arcas, naves espaciais projetadas.

Eram gigantescas, movidas por energia nuclear, outras pequenas movidas por energia solar. Comprei um porta escotilha grande onde adaptei uma local para produção de alimentos e gastar menos com o peso da comida.

As naves foram construídas por escravos que foram mortos cruelmente após árduo trabalho no interior do subsolo, onde construíram as arcas para nos salvar, escondidas todos os outros humanos.

Estou aqui agora, escrevendo esta carta antes do fim chegar, metade da humanidade, a verdadeira humanidade, a sociedade já sucumbir ao poder da natureza revoltada com anos de nossa injusta exploração. Penso comigo mesmo nestas últimas horas de vida: será que fui idiota em sentir compaixão, por que não fui embora?

Um gigantesco vulcão entrou em erupção. Devido às cinzas, nosso planeta está perdido em gelo, e, para completar, um asteroide maior que a lua se aproxima ferozmente.

Então eu desisto. Não há motivo para continuar, eu desisto, declaro aqui no inferno em que estou.

Eu permiti que minha nave partisse sem minha presença. Mantivemos tudo em segredo, os que não participavam não poderiam saber do plano, para que o mundo não acabasse em pandemônio e para existir a ordem enquanto os líderes estivessem aqui.

Todas já se foram, exceto uma das menores, que comprei para casos de emergência. Possuo uma nova chance aqui em minhas mãos, mas deixo-a para uma mãe desesperada com um de seus filhos no colo, outro segurando sua saia, e outro morto, há alguns metros, por frio.

Creio que isso foi certo, em um último suspiro, lembro-me de meus filhos, de minhas alegrias, da vida que tive, foi assim eu morri. O mundo estourou em cinzas e lava. Boa sorte aos sobreviventes.

Autor: Gabriel de Rós

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A morte e a vida

Sempre existi na Terra, cumprindo ordens. Cada vez mais próxima de acabar minha missão. E um dia, finalmente, acabei. Mas foi curioso o modo como ocorreu: eu não precisei fazer nada, pois fizeram tudo por mim. Na verdade, nunca entendi como funcionava esta espécie. Sempre injusta, mentirosa, gananciosa, e sedenta por poder. Uma espécie baseada em autodestruição.

O mundo foi, aos poucos, definhando, pois aqueles que dominavam a Terra e tudo o que vinha dela se diziam superiores. Se gabavam por serem seres racionais, mas não faziam jus a este título: esmagavam os menores sem dó nem piedade; levavam milhares de espécies animais e vegetais à extinção por simples e hediondo prazer.

O princípio deste trágico fim havia passado despercebido por todos; afinal, para eles, a morte de milhões dos seus não importava, pois era considerada coisa natural da vida e causa natural da morte (“O mais forte domina, o mais fraco perece.”).

As evidências de que o fim estava próximo eram incontestáveis, eles sabiam, mas continuavam se recusando a enxergá-las, porque não criam que uma espécie tão poderosa como aquela poderia se extinguir do mesmo modo que tantas outras se extinguiram em suas mãos.

Primeiro, veio a peste. Assolou centenas de milhares durante muitos anos. Tantas lágrimas foram derramadas, tanto sofrimento que se instalou nos homens e mulheres saudáveis, pois viam todos os dias entes queridos morrendo em seus braços… Ah, sim, este foi um período trabalhoso para mim.

Depois, vieram as guerras. Nações lutando umas contra as outras por poder, dinheiro, fé ou mesmo sem ter um porquê, apenas porque gostavam de derramar sangue dos inocentes. Prazer estranho por esta carnificina, faziam muitos soldados lutarem por algo que nem sabiam do que se tratava. Fizeram homens deixarem suas mulheres e filhos para sobreviverem sozinhos, sem sustento, desejando a volta de seus pais e maridos em segurança… Tudo para depois de algumas semanas, os mesmos receberem cartas de sinceras condolências pela perda. Tanto sangue manchou os campos de batalha, tantos sonhos se esvaíram daquelas pobres almas sem serem realizados… Neste momento, tive pena do mundo pela existência de seres tão terríveis.

E então, por último, veio a fome. Muitos enlouqueceram por não terem o que comer e beber, outros por não conseguirem alimentar seus filhos pequenos e verem o sofrimento em suas faces. A cada passo que eu dava, via tantos rostos vazios e sem vida, muitos com a certeza de que não viveriam para ver o sol ao nascer do outro dia…

Neste dia, decidi que era a hora de efetivar minha missão, e foi o que eu fiz. Para deixá-los conscientes do quão impotentes eles eram, para deixá-los conscientes de seus erros. Se arrependeram, mas era tarde demais. Descobriram como deveriam ter vivido, mas agora não fazia mais diferença. Tiveram a vida toda para mudar. Sempre será tarde demais quando a morte vem visitá-lo.

Autora: Cecília Paulina (Alexia como Beta reader)

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Terceira Rodada

Seres são criados. Inocentes, vivem, crescem, evoluem, reproduzem. Na labuta por sobreviver, adaptam-se ao meio na tentativa de legar aos descendentes suas características. Nasce rabo, perde rabo. Desenvolve polegar opositor. O cérebro cresce: coleta, depois caça, mas ainda nômade. Sedentário, cultiva e cria. Há excedentes, principalmente de tempo. E viu que isso era bom, criando o ócio. Evoluem os meios de produção, começa a exploração. Inventam o fim-de-semana, afinal o ócio é bom. Quer ser dono, proprietário dos meios de produção. Quer ter independência. Constroem computadores. Aí vem o apagão. Não se sabe como será o fim, mas terá um fim. Se será o

APOCALIPSE

ninguém sabe, mas será o fim.

Os textos devem ser enviados, com título e autor, até o dia 10 de outubro para o e-mail desafioescrito@luzerna.ifc.edu.br antes que tudo acabe.

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