Posto abaixo os textos relativos ao tema de filosofia política, especificamente sobre os assuntos relacionados a Maquiavel e seu livro O Príncipe.
Texto introdutório de Carlo Gabriel Pancera.
Partes selecionadas de Maquiavel – O Príncipe.
Os textos foram retirados da Antologia de Textos Filosóficos organizada pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
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Abaixo forneço algumas citações do livro Maquiavel do professor de filosofia Newton Bignotto da Universidade Federal de Minas Gerais. Nessas citações ele conceitua virtù e fortuna, conceitos centrais para se entender Maquiavel em geral e o Príncipe em particular.
Bignotto, Newton. Maquiavel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
“Fortuna e virtù, esses foram os termos empregados por Maquiavel para interpretar os dois polos em torno dos quais giram o sucesso e o insucesso das ações humanas. Ao longo de toda sua obra eles se repetem, sugerindo que devemos sempre estar atentos a seu aparecimento e a seu significado para a compreensão do acontecimento que estamos analisando” (p. 24).
“A virtù, que ele evita traduzir para o italiano, para não confundi-la com as virtudes cristãs, diz respeito à capacidade do ator político de agir de maneira adequada no momento adequado. Essa maneira de apresentar o conceito pode aproximá-lo perigosamente de um outro frequentemente usado pelos autores da Antiguidade – o de prudência. Também nesse caso estamos diante da capacidade do ator político de agir em conformidade com a situação, sem que para isso tenha-se de recorrer a um saber de cunho estritamente teórico. A prudência, no entanto, para ficar com seu sentido mais próximo do significado que lhe atribui Aristóteles, deve ser entendida no contexto de uma ética que coloca como finalidade última de todas as ações a busca da felicidade. A virtù maquiaveliana não possui os mesmos objetivos. Mais modestamente, nosso autor exige a habilidade de seus atores apenas para ganhar e conservar o poder, mas não atribui nenhuma finalidade que transcenda à própria busca de uma posição de mando na sociedade” (pp. 24-25)
“O outro polo da concepção maquiaveliana da ação política é a ideia de fortuna. Herdada dos romanos, a deusa da roda se apresenta como aquela que retira dos homens tudo aquilo que conquistaram, quando decide mudar o curso das coisas sem aviso prévio. (…) A fortuna aparece sempre como uma força que não pode ser inteiramente dominada pelos homens. Num mundo sujeito a movimentos constantes, ela representa o elemento de imponderabilidade das coisas humanas. Os homens amam repetir seus comportamentos e se agarram à sua forma de agir, quando ela os conduz ao sucesso, mas têm muita dificuldade em reconhecer que nem toda a habilidade de um grande comandante militar ou de um príncipe é capaz de dominar todas as possibilidades contidas na história. O que Maquiavel afirma, portanto, é que, embora a natureza humana seja repetitiva e que valha a pena recorrer à história para aprender com seus exemplos, não sabemos nunca como uma determinada situação particular vai evoluir” (pp. 26-27).